O conceito do Pavilhão da Paz em Sedhiou, visa
criar um espaço que funciona como um marco social para reuniões, e onde a
propagação cultural possa acontecer. Um espaço que evoca o passado e torna seus
visitantes conscientes disso. Um retiro para meditação e busca da paz interior.
O volume
foi posicionado de forma que uma articulação sutil acontecesse nos níveis
através de rampas, valorizando a acessibilidade universal - todas as pessoas,
sem exceções, podem visitar o pavilhão.
O volume
do pavilhão tem uma porção subterrânea e é colocado diagonalmente à luz solar
predominante. Paredes espessas, grandes aberturas com sombra e um espelho de
água tornam o edifício adequado a fatores climáticos - como insolação, vento e
chuva - criando um microclima mais frio e mais úmido.
Na área
de exposição há pontos onde é possível vislumbrar o rio Casamansa, a cidade de
Sedhiou e os campos de arroz do entorno. Considerando que, vindo de fora, há um
visual da fachada principal e das rampas de acesso, que convidam o visitante a
entrar no espaço.
A principal
rampa de acesso propõe uma rota catártica. O visitante descerá ao espaço de
conscientização com o auditório, rota que traz sentimentos e informa sobre
conflitos violentos no continente, com o uso de textos, documentos, quadros e
pinturas que expõem conflitos passados e presentes. O objetivo deste espaço é
afetar os visitantes e torná-los conscientes da urgência de liderar com esses
conflitos, buscando a paz em todos os aspectos - social, cultural, territorial
e espiritual. Também serve como um memorial, para que os erros cometidos não
sejam esquecidos, revisados e repetidos.
Depois
de passar pelo espaço de conscientização, o visitante chega em um pátio
descoberto, funcionando como um espaço de descanso e transição. O visitante
pode então passar para o espaço de contemplação ou acessar a rampa que leva ao
nível da rua e ao mezanino, onde fica a exposição, com obras de arte colocadas
na área que também é visualmente aberta para a rua. O espaço de contemplação é
amplo, com pé-direito alto e um caminho que cria um ritmo à medida que o acesso
acontece. A insolação é filtrada por bambus e tijolos espaçados nas aberturas.
Um amplo espelho de água também está neste espaço e permite mais iluminação
através da luz refletida, melhores propriedades acústicas e uma temperatura
mais fresca. Esta área de contemplação possui elementos que visam criar
conexões entre o nosso plano material e o espiritual, criando uma experiência
transcendental e catártica aos visitantes, de qualquer crença ou religião.
O
espelho de água também funciona como um depósito para a água da chuva durante a
estação úmida, e abastece uma cisterna subterrânea que é capaz de fornecer água
para a população durante a estação seca, sendo acessada através de uma bomba de
água manual.
Os
materiais foram escolhidos porque são vernaculares, possuem boas capacidades
térmicas e acústicas, seguem um ideal de sustentabilidade, e são fáceis e
baratos de adquirir. Esses materiais também permitem um processo construtivo
mais simples. As técnicas de construção usadas para este projeto podem ser
facilmente aprendidas e executadas, como a terra batida, a taipa de pilão, e o
uso de folhas de palmeira, e tem como virtude, o objetivo de capacitar a
comunidade. O uso de madeira local e chapas de ferro também favorece a
indústria e a economia locais.
O projeto foi desenvolvido para o concurso
internacional Kaira Looro.